A maioria das crianças de hoje em dia desconhece divertimentos simples como cabra-cega,
passa-anel, pula-sela, siga-o-mestre, chicote-queimado, telefone-sem-fio e centenas de outras brincadeiras transmitidas oralmente há séculos por sucessivas gerações. Também as cantigas e frases que acompanhavam o pular corda e a roda se reduziram bastante na memória infantil.
Alguns passatempos nem chegaram a sair de moda, e resistem bravamente à concorrência da televisão e à escassez de espaços livres na cidade. Basta observar: não há menino ou menina que não saiba brincar de esconde-esconde, polícia-e-ladrão, pegador, casinha e tantas outras do tipo faz-de-conta, ainda as preferidas pela maioria das crianças.
O que nem todos sabem é que muitas brincadeiras guardam sentidos simbólicos ancestrais,
do tempo em que cumpriam funções de caráter sagrado. Com o passar dos séculos, viraram
entretenimento, primeiro para adultos, depois para crianças.
De caráter universal, muitas brincadeiras são encontradas em civilizações que às vezes não travaram entre si nenhuma forma de contato.[...] a amarelinha, por exemplo, é jogada em países diferentes como Estados Unidos e Rússia, China e Birmânia. O curioso traçado do jogo se assemelha a representações de templos antiqüíssimos, conforme observou um pesquisador argentino. No Brasil a amarelinha tem vários nomes: maré, pé-pé, sapata e avião. Entre os romanos era do odre.
Na verdade, isso mostra apenas que brincadeiras se transformam, algumas perdem sentido e muitas, muitas mesmo, ainda merecem ser resgatadas, pois certamente ainda irão cativar o interesse das crianças.
(Rio de Janeiro, Kalunga, n.º 91, ano XXVI, jul.1998, p.21, com adaptações.)
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